A pesca no Vale do Arino, que abrange Juara e outras localidades da região, enfrenta desafios significativos, conforme relatos do pescador profissional de Juara Bento Bezerra, que também é o coordenador da Colônia Z16, em entrevista à Rádio Tucunaré.
A entrevista destacou as dificuldades que os pescadores enfrentam devido às restrições impostas à captura de espécies que, tradicionalmente, são as mais rentáveis.
Bento explicou que, embora a pesca profissional continue permitida, várias espécies estão sob restrição, o que impacta diretamente a subsistência dos pescadores. “O pescador profissional, a pesca não foi fechada. Tem a restrição de algumas espécies“, especificamente.
As espécies restritas, que incluem o cachara, a Matrinchã e o trairão, são justamente as que possuem maior valor comercial, e a decisão sobre a liberação ou não dessas espécies ainda aguarda votação no Supremo Tribunal Federal (STF).
A Colônia Z16, que abrange 30 municípios do norte de Mato Grosso e conta com cerca de 200 pescadores, enfrenta uma situação complicada. Com as restrições em vigor, muitos pescadores optaram por não ir ao rio, uma vez que as espécies liberadas, como o pial, não possuem grande demanda no mercado. “A espécie que temos bastante aqui acho que está proibido. […] O pial tem um pouco, mas o pial não vende”, destacou Bento.
A situação se agrava com a proximidade da aposentadoria para muitos desses pescadores, que, com quase 20 anos de carteira, têm em perder seus direitos caso abandonem a atividade.
A proposta do governo estadual, que oferecia um benefício financeiro aos pescadores em troca da suspensão de suas atividades, foi rejeitada por muitos, já que isso implicaria na perda do status de “segurado especial” e, consequentemente, dos direitos adquiridos como pescadores.
Além das questões que envolvem os pescadores profissionais, Bento também apresenta as dificuldades enfrentadas pelos pescadores amadores, que estão sob uma política de “cota zero” e são proibidos de transporte de peixe.
A expectativa é que, com a votação aprovada de seis dos onze ministros do STF, as restrições possam ser revertidas, permitindo a retomada das atividades pesqueiras de maneira normal.
Os pescadores do Vale do Arinos seguem na luta por seus direitos, aguardando ansiosamente uma decisão que poderá determinar o futuro da pesca na região.